Oficialmente, as férias dos clubes se encerraram nesta quinta (30), após acordo prévio feito com a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) e a Comissão Nacional dos Clubes (CNC), determinada após a paralisação dos jogos por conta da pandemia do novo coronavírus. Na prática, porém, a volta ao cotidiano do esporte ainda não definida. Na última terça, por videoconferência, as instituições se reuniram para debater, inicialmente, o retorno aos treinos – atividades que seriam, em princípio, feitas sem trabalho coletivo entre os atletas. Em Pernambuco, contudo, o Trio de Ferro da Capital ainda aguarda um aval do Governo do Estado para criar seu protocolo de regresso.
Pelas palavras do secretário de saúde do estado, André Longo, o Governo de Pernambuco não é a favor de um retorno aos treinos já no mês de maio. “Não tomamos conhecimento dessas decisões (da volta). A CBF é um órgão nacional e esperamos que haja um entendimento sobre esta situação. Aqui, nós estaremos atentos ao cumprimento do decreto estadual. Não consta que o futebol é atividade essencial. Infelizmente, não há condição para isso por conta da franca aceleração da curva epidêmica. Voltar a ter uma vida normal no campo de futebol vai fazer com que eles adoeçam. Não queremos ver isso. Precisamos nos resguardar neste momento de maior gravidade. Não me parece adequado esse retorno”, explicou.
O executivo de futebol do Sport, Lucas Drubscky, frisou que, mesmo sem o retorno oficial aos trabalhos, o atletas continuarão seguindo uma cartilha de treinos repassada pela preparação física.”Acredito que apesar da nossa vontade (de voltar), isso (decisão) é algo que vem de cima. Uma hora ou outra, quando for determinado que teremos que retornar às atividades, nós vamos ter que cumprir. As férias terminam, mas os jogadores continuarão treinando em suas casas, como vinham fazendo antes”, apontou. Em contato com a Folha, Tonico Araújo, vice-presidente do Santa Cruz, endossou o discurso do Governo e frisou ser contra o retorno dos treinos antes da autorização dos órgãos de saúde. Posicionamento que também é o do Náutico.
“Existe um protocolo da CBF pré-montado, mas ele precisa ser adaptado aos estados. Depois, eles serão implementados. A esposa do presidente é médica e eu sou veterinário, então sabemos bem da importância da saúde. Não faremos algo sem os protocolos necessários ou a liberação dos órgãos. A possibilidade de reapresentação na sexta é zero. Na segunda, também. Colocamos o retorno incialmente para o dia 11, imaginando, claro, que as autoridades nos liberem para isso”, apontou o vice-presidente alvirrubro, Diógenes Braga.
Outros clubes do Brasil, contudo, já estão definindo o protocolo pós-férias. No Fluminense, a volta será na sexta (1º), com treinos em casa. Mesma postura adotada pelo Coritiba. O Paraná seguiu caminho parecido, mas com retorno para a segunda (4). O protocolo da CBF sobre a volta aos treinos será distribuído às agremiações. A entidade máxima do futebol nacional destacou que será necessário aos clubes investir na compra de teste para o coronavírus, testando atleta, membros da comissão técnica, estafe e pessoas do grupo de convívio deles. Cada teste custa entre R$ 150 e R$ 250.
Europa
Nas cinco principais ligas da Europa, a situação tem cenários distintos. Na França, o campeonato nacional não será concluído. Ainda não foi definido se o Paris Saint-Germain, que estava na liderança do torneio, será declarado campeão, tampouco sobre como ficará acertada as vagas de copas europeias e quais times serão rebaixados. Na Alemanha, haverá uma reunião na próxima quarta para aprovar uma data de retorno às atividades – inicialmente, a ideia era promover a volta no dia 9 de maio. Na Inglaterra, não há definição sobre prazos de regresso aos treinos, mas estuda-se a ideia de retornar com jogos de portões fechados.
Espanha e Itália estão à frente no debate sobre a volta aos treinos. Os países estudam a ideia de, a partir desta segunda, os jogadores retornarem aos centros de treinamentos para apenas atividades individuais. Duas semanas depois, serão permitidos trabalhos em grupo.
Foto: Arthur Mota/Folha de Pernambuco