Advogado vai pedir internação de um dos “Canibais de Garanhuns”

O julgamento dos “Canibais de Garanhuns” pode ter nova reviravolta nesta sexta-feira (14). O advogado Giovanni Martinovich, que defende o réu Jorge Beltrão, vai pedir a internação permanente do seu cliente no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), que fica em Itamaracá. A defesa alega que ele foi diagnosticado com um quadro “incurável” de esquizofrenia paranoide. Jorge Beltrão Negromonte, Isabel Cristina Torreão Pires e Bruna Cristina Oliveira, integrantes de um triângulo amoroso, vão a júri popular pela autoria dos homicídios de Giselly Helena da Silva, 31 anos, e Alexandra Falcão, 21, que foram mortas a golpes de facão, esquartejadas e tiveram parte da própria carne consumida pelo grupo.

Mesmo sem ser taxativo, Martinovich admitiu que a estratégia de defesa também representa a confissão dos crimes pelo cliente. Martinovich alega que, antes da descoberta dos homicídios em Garanhuns e em Olinda, Jorge já era paciente diagnosticado por perícia do INSS. Ele recebeu tratamento ao longo de três anos em uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial (Caps).
No entanto, uma perícia forense elaborada durante o inquérito policial que investigou o duplo homicídio em Garanhuns apontou que os três réus estão cientes do que fizeram. Ou seja, para a Polícia Civil e o Ministério Público, eles não possuem transtornos mentais que justificassem os crimes. O advogado de Jorge contesta o laudo: “Esse laudo foi baseado em duas consultas”, afirmou Martinovich. Já o advogado de Bruna Oliveira não quis adiantar a estratégia de defesa, enquanto a defesa de Isabel Silveira alega que ela não participou dos crimes em Garanhuns.
Como será o julgamento
Cinco homens e duas mulheres vão selar o destino dos três réus. Sorteados na manhã desta sexta-feira (14), os sete jurados vão decidir se os réus são culpados ou inocentes das acusações de duplo homicídio triplamente qualificado, ocultação e vilipêndio de cadáver e de furto qualificado. Bruna também será julgada por falsa identidade.
Para o Ministério Público e a Polícia Civil de Pernambuco, eles mataram, esquartejaram, enterraram e comeram parte da carne dos corpos de Giselly Helena da Silva, 31 anos, e Alexandra Falcão, 20 anos. A acusação aponta que os crimes foram cometidos em fevereiro de 2012, na casa que o trio morava em Garanhuns, no Agreste pernambucano.
O julgamento dos réus começou por volta de 10h na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, que fica no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Joana Bezerra, Recife. Bastante concorrida, a sessão presidida pelo juiz Ernesto Bezerra Cavalcanti foi acompanhada por muita gente, entre parentes das vítimas, jornalistas e curiosos.

No papel de acusador, o Ministério Público escalou como testemunha o ex-delegado Wesley Fernandes Oliveira, responsável pela investigação e pela prisão dos réus quando ainda era titular da Delegacia de Garanhuns. Atualmente, ele é promotor de Justiça em Alagoas. Após o depoimento de Wesley Fernandes, os réus serão interrogados.

Na sequência, o julgamento terá o debate entre o promotor de acusação e os advogados de defesa dos canibais. Cada um terá até duas horas e meia para expor seus argumentos. O promotor do caso ainda terá direito a réplica de até duas horas de duração, além de tréplica para a defesa com a mesma duração.

Só após o cumprimento desses procedimentos é que os jurados vão decidir se condenam ou absolvem Jorge, Isabel e Bruna. Não há prazo para fim do julgamento, mas é pouco provável que a sentença seja lida pelo juiz do caso em menos de dois dias úteis.
Não é a primeira vez que o trio divide o banco dos réus. Em 2014, eles foram condenados pela morte de Jéssica Camila da Silva Pereira, 17 anos, cujo homicídio cometido em Olinda, em 2008, teve os mesmos requintes de crueldade do duplo homicídio registrado no Agreste pernambucano. Jorge foi condenado a 23 anos de prisão, enquanto Isabel e Bruna receberam penas de 20 anos, cada. Todos continuam presos desde 2012.

Fonte: OP9

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